segunda-feira, 18 de novembro de 2013

O poeta lutador




Rabisco esta poesia sem me exultar
Com meu coração cansado e fragueiro
Que enfim se rendeu a literatura,
A face por inteiro.

Meus momentos de amor
Que a poesia dediquei
Minha luta; percebo que falhei.

Meu cavalo branco, meu escudo de bronze
Minha espada brilhante de minhas mãos escorreu.
Os heróis, os poetas
Morreram de solidão
E vocês não têm mais a quem perseguir.

O poeta não o espere
Ele está morto
Não nascerá mais,
Não mais fará poesia

Para um mundo não renovável.


Lima de Vasconcelos

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Ao sinal do semáforo




Um homem cruzou a rua
Olhou timidamente de um lado para o outro
E simplesmente cruzou a rua
Lento como a noite apenas cruzou a rua
Buscou em seu bolso, ou em si mesmo, um cigarro
Acendeu-o calmamente
Calmamente o fumou.
Calmamente cruzou a rua
Do outro lado nada o esperava
Apenas cruzou a rua
Apenas cruzou a rua
Apenas cruzou a rua
Cruzou a rua
A rua 


Lima de Vasconcelos